Entrevista O Globo
‘Bronze’ carioca vira roupa através de estilista niteroiense radicada no Rio e apaixonada pela cidade.
Ao unir conforto e sensualidade, Bruna Azevedo busca despertar confiança nas mulheres e provar que moda é, antes de qualquer coisa, comportamento.
Por Ricardo Pinheiro — Rio de Janeiro, 27/12/2022, 05h02, Atualizado 27/12/2022
A estilista Bruna Azevedo, de 26 anos, escorpiana com ascendente em aquário, inaugurou agora em dezembro a sua marca de moda feminina, a Bronze, onde além de fundadora é também diretora criativa. Ao unir conforto e sensualidade, a estilista busca despertar confiança nas mulheres e provar que moda é, antes de qualquer coisa, comportamento. Moradora da cidade do Rio de Janeiro há quatro anos, Bruna é de Niterói e desde sempre foi instigada pela diversidade de estilos que via no outro lado da Baía de Guanabara.
— O Rio é uma cidade muito grande. Quando comecei a sair por aqui, logo abri minha cabeça e entendi mais sobre moda e as tantas vertentes do estilo carioca. Amo a diversidade da cidade e acho incrível como isso se reflete em cada bairro, por exemplo. As pessoas de Copacabana têm uma ‘vibe’, as do Centro têm outra, as de Ipanema também e assim por diante. As pessoas no geral têm mais liberdade, são mais despojadas e mais expressivas em relação à moda. —, disse Bruna.
“Comecei a ser dona do meu próprio nariz”, disse. Agora, na Bronze, ela conta com duas sócias, as irmãs Isabelle e Iashmin Bastos, que cuidam da parte administrativa e financeira.
‘Bronze’ carioca vira marca de moda feminina
Bronze
A relação da marca com a cidade e as mulheres segue o mesmo norte de sua diretora criativa que não acredita no “estilo único” da carioca. Elas são muitas e diversas e os seus estilos, sempre ligados a uma liberdade e um despojamento, acompanham essa pluralidade. O conceito da coleção inaugural surgiu, inclusive, de um desejo de Bruna de resgatar a faísca comportamental das mulheres que frequentavam as famosas “Dunas da Gal“, em Ipanema, no início dos anos 1970. Nessa profusão de inspirações, a música brasileira, claro, também é uma grande aliada.
— Imagino que estou desenvolvendo a coleção para as mulheres que a Maria Bethânia descreve em suas músicas, como em ‘Infinito Desejo’, por exemplo. Ela fala da intensidade feminina de maneira muito sensível. Ao mesmo tempo que fico ‘presa’ a essas mulheres, faço um exercício de tentar inseri-las no contexto atual. ‘Quem seriam essas mulheres hoje, em 2022?’, me pergunto. —, falou.
O norte que guia a Bronze, segundo a estilista, é, de forma criativa, “dar ferramentas para essas mulheres se expressarem de forma mais confiante”.
Mas não é “só” na inspiração ou no conceito da marca que o Rio está cravado. Sempre bronzeada, Bruna afirma que a cidade está em todas as partes do processo, da criação das estampas e tecidos até o momento em que, já prontas, as peças ganham vida nos corpos das suas clientes.
Próximos passos
As coleções da Bronze devem ser sempre pequenas e lançadas a cada dois meses. Essa inicial era para ter vindo no meio do ano. A demora, no entanto, acabou sendo “interessante”. Ela apareceu oficialmente para o público, no Instagram, na mesma semana em que começou o verão, a estação mais carioca de todas.
“Foi uma coincidência feliz”, disse Bruna, que, super ligada em astrologia, ainda comentou a respeito de agora em dezembro o sol estar passando pelo signo de sagitário, o que, segundo ela, representa um momento propício para se arriscar e tomar iniciativas.
A próxima coleção deve ficar pronta em fevereiro, antes do carnaval. A ideia é que as coleções sempre conversem com momentos que sejam a cara do Rio. O carnaval, é claro, não poderia ficar fora dessa. Ela já está no papel, confessou a estilista, mas com certeza deve mudar muito quando sair dele. “Enjoo fácil. Preciso de algo novo para o meu olhar”, disse. Essa primeira, por exemplo, mudou 70% nesse mesmo processo, revelou ela, que vai começar o processo de produção em janeiro.